O segundo dia do Seminário
Capixaba de Aperfeiçoamento das Cooperativas do Ramo Agropecuário foi marcado
por uma série de atividades para as mais de 100 pessoas que participam da
atividade. Nesta quarta-feira (1º/12), a programação foi composta por palestra
e painéis com diferentes especialistas, que abordaram temas como inovação,
tecnologia e intercooperação.
Durante o início das atividades,
o superintendente do Sistema OCB/ES e presidente do Conselho Deliberativo
Estadual (CDE) do Sebrae/ES, Carlos André Santos de Oliveira, falou para o
público presente. Carlão, como é conhecido, fortaleceu o trabalho que vem sendo
desenvolvido de forma parceira pelas duas instituições (Sistema OCB/ES e
Sebrae/ES) para o fortalecimento do movimento cooperativista no estado.
“O setor agro no Espírito Santo já cresceu muito, mas ainda temos muito a crescer, e é importante continuarmos com esse avanço. Este foi um ano muito difícil, mas a grande maioria das cooperativas conseguiram fazer o dever de casa. O ano que vem também terá muitos desafios, mas não podemos ser pessimistas e nem espalhar a cultura do medo. Pelo contrário: precisamos trabalhar, trabalhar e trabalhar, com base em dados científicos, com planejamento, com governança e gestão de primeira e com parcerias” disse.
Além dos representantes das cooperativas agro, também participaram do segundo dia membros das cooperativas de crédito, secretários municipais de agricultura e o prefeito de Linhares, Guerino Zanon.
PALESTRA E CASES DE SUCESSO
A primeira atividade do dia foi a
palestra “Inovação e Tecnologia”, apresentada pelo secretário de Agricultura do
município de Linhares e sócio fundador da empresa Campo Vivo, Franco Fiorot. Em
sua fala, o palestrante destacou a necessidade dos empreendimentos
cooperativistas enxergarem a inovação como uma importante de ferramenta para o seu desenvolvimento e a colocarem em prática.
“A tecnologia vem promovendo avanços e contribuindo ainda mais para as entregas que fazemos, mas precisamos entender que a inovação não trata somente dos itens tecnológicos. Estamos falando, principalmente, da mudança de práticas que podem ter um papel decisivo no desenvolvimento do estado. Precisamos fazer e pensar diferente do que fazíamos no passado, modificar antigos costumes e, assim, sermos mais competitivos”, disse.
Em sua apresentação, Fiorot
também apontou quatro eixos fundamentais para que as cooperativas possam aderir a processos inovadores: a produção, a diversificação, a qualidade e a
comercialização. De acordo com ele, é preciso olhar em detalhes cada um desses
eixos e verificar o que pode ser melhorado, aprimorado e repensado, levando em
consideração as necessidades e demandas da sociedade.
“Em resumo, entendo que a
verdadeira necessidade para viabilizar a inovação é a mudança cultural.
Precisamos acompanhar essas evoluções, aplicar o que há de novo, estudando e
vendo a sua viabilidade, e em paralelo mudar as práticas, manias e costumes. Temos também alguns desafios que precisamos superar, como a conectividade, a logística
e a organização”, completou.
O momento foi seguido pelas
apresentações de cases de sucesso de cooperativas capixabas. Os participantes
puderam conhecer detalhes sobre o trabalho de transformação digital da
Cooabriel, com o gerente de Tecnologia e Inovação da coop; a experiência com o
aplicativo Mão na Roça, com o gerente de Inovação e Difusão Comercial da
Coopeavi; e os resultados do Programa de Fertilização In Vitro (FIV) da Selita,
com o representante da cooperativa, Robertson Valladão.
PAINEL COOPERAÇÃO E MERCADO
No período da tarde, a
programação foi retomada com o painel “Intercooperação e Mercado”. O momento
foi aberto com uma palestra com o presidente da Cooperativa de Cafeicultores da
Zona de Varginha (Minasul) de Minas Gerais e conselheiro do Conselho Nacional
do Café (CNC), José Marcos. Em sua fala, o presidente falou sobre a
atuação conjunta entre cooperativas e a seu impacto na história da coop.
De acordo com ele, a
intercooperação precisa ser entendida como um estado de espírito. “Somos uma
autodenominada empresa cooperativista. Em nossa história, precisamos perceber a
hora da mudança, quebrando uma série de paradigmas. Nesse processo, entendemos
que a intercooperação tinha um grande potencial e precisava ser feita, da
maneira que fosse possível, partindo da ideia, indo para a ação e gerando
resultados”, relembrou.
José Marcos contou que, no
caminho de fortalecimento da cooperativa, foram buscadas outras instituições
que pudessem contribuir com produtos e serviços. “Buscamos quem poderia atender
às nossas necessidades e demanda. Não temos vergonha de estar ao lado de
parceiros que fazem bem-feito e que ajudam nos nossos resultados. Pelo
contrário: ajudamos a potencializar esse trabalho e somos diretamente
beneficiados com isso. Queremos que outros atores também estejam com a gente nessa
caminhada”.
O presidente também lembrou que
essa mudança foi iniciada em 2016, considerado o ano de mudança com uma
reestruturação interna. Desde então, a cooperativa focou na evolução,
diversificação e investimento, (2017), revolução e reposicionamento da cadeia
(2018) e, desde 2019, foi iniciado um processo de readaptação contínua e
resiliência, que segue até 2030. Cada uma das etapas foi permeada pela
participação de parceiros.
“Com essa estratégia, obtivemos excelentes resultados ao longo desses cinco anos desde que começamos essa mudança, porque entendemos a potencialidade que é trabalharmos juntos. E não existe como ser diferente. Podemos pegar os melhores pontos de cada um e fazer um trabalho ainda maior, que gere ainda mais resultados”, completou.
Na sequência, foi o momento dos cases de sucesso. O coordenador de Estratégia de Mercado e Onboarding da Supercampo, Cristiano Canato Costa, contou sobre o nascimento da iniciativa para fortalecer as cooperativas no ambiente digital, fidelizando as novas gerações e blindando contra ameaças no agronegócio. A ideia foi mostrar, na prática, como a intercooperação pode acontecer. Costa falou sobre o intuito de estimular a intercooperação por meio de uma plataforma digital (marketplace).
O painel foi finalizado pelo presidente
e pelo coordenador da cooperativa capixaba Ciclos, Gustavo Bernardes e Cleto Venturim, respectivamente, que
apresentaram o caso do primeiro projeto de geração de energia solar no
Espírito Santo, na cidade de Ibiraçu. Bernardes lembrou que a coop surgiu
dentro do ambiente do Sicoob ES e tem a intercooperação em sua essência. O
objetivo é entregar soluções customizadas de assistência à saúde, energia e
conectividade que sejam sustentáveis, de menos custo e de maior segurança e
praticidade.
Fonte: Sistema OCB/ES