Enquanto o Espírito Santo viu a sua taxa de desocupação
aumentar 1,7% de 2019 para 2020, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro e Geografia e
Estatística (IBGE), o cooperativismo capixaba caminhou em via contrária,
registrando aumento no número de postos de trabalhos gerados no estado. É o que
aponta o Anuário do Cooperativismo Capixaba 2021, lançado pelo Sistema OCB/ES.
De acordo com a publicação, que traz os principais dados
desse modelo de negócio no Espírito Santo, as cooperativas tiveram um aumento
de 6,3% no número de colaboradores, saltando de 9 mil em 2019 para quase 9,6
mil em 2020, ou seja, um aumento de 569 empregos. No mesmo ano (2020), a Pnad
Contínua indicou que o estado capixaba atingiu uma taxa de desocupação de
12,7%, a segunda maior média anual de desempregos desde o começo da série
histórica, em 2012.
O crescimento no número de empregados marca mais um avanço
do movimento cooperativista, que já havia registrado também um saldo positivo
no indicador entre 2018 e 2019, que passou de 8.043 empregados para 9.023. No
triênio 2018-2020, o aumento acumulado foi de 19,2%. Os ramos que apresentaram
as maiores participações nesse dado foram Saúde e Crédito, que, somados, registraram
um aumento de 15,1%.
FORTALECIMENTO
Ao comparar esses dados com o número de cooperativas
registradas no Sistema OCB/ES, é possível verificar o fortalecimento do
cooperativismo capixaba. Isso porque, embora tenha havido uma redução de 6,3%
no número de cooperativas registradas no estado no triênio 2018/2020 (redução
de 127 para 119), o número de empregados dentro delas continuou crescendo.
A diminuição na quantidade de cooperativas é explicada pela
tendência nacional de realização de fusões e incorporações, também estimulada
pelo Sistema OCB/ES visando ao ganho de eficiência e escala com redução de
custo; o impacto econômico da pandemia, que freou algumas atividades; e a
inativação do registro de cooperativas irregulares pelo Sistema OCB/ES com a
intenção de fortalecer os empreendimentos regulares e o movimento
cooperativista capixaba como um todo.
Para o superintendente do Sistema OCB/ES, Carlos André
Santos de Oliveira, os resultados positivos conquistados pelo movimento
cooperativista durante a pandemia de Covid-19 são um forte motivo para
comemorar. Na sua visão, a estrutura do movimento e a sua história de superação
em momentos de crise explicam os índices favoráveis.
“Ficamos muito satisfeitos em saber que, mesmo durante a
pandemia, o cooperativismo capixaba se fortaleceu. Isso só foi possível porque
o modelo de negócio está ancorado em práticas de cooperação. Todos se ajudam
nos momentos de dificuldade porque sabemos que, mais adiante, os ganhos serão
repartidos. Todos saem ganhando, incluindo lideranças, empregos, cooperados e a
própria sociedade”, avalia.
MAIS DE 500 MIL COOPERADOS EM 2020
O Anuário do Cooperativismo Capixaba 2021 também apontou que
esse modelo de negócio foi a escolha de mais de 67 mil capixabas em 2020. O
percentual de cooperados – indivíduos que participam efetivamente das decisões
e negócios nas cooperativas fornecendo bens, insumos ou mão de obra ou, ainda,
beneficiando-se das soluções ofertadas, sejam financeiras ou destinadas a
obtenção de serviços ou insumos a valores justos – cresceu 15,5% no Espírito
Santo de 2019 para 2020, passando de cerca de 435 mil de pessoas em 2019 para
mais de 500 mil em 2020.
Em termos de participação econômica, o cooperativismo
contribuiu com 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) nominal capixaba, com uma
movimentação econômica superior a R$ 6 bilhões.
“O número de cooperativas reduziu, mas os percentuais de cooperados e empregados aumentaram. Isso indica que a estratégia de fundir, incorporar e expandir as cooperativas para solidificar seus negócios está funcionando. Empreendimentos bem estabelecidos e atentos às mudanças do mercado são a chave para a perpetuação do nosso movimento”, ressalta o presidente do Sistema OCB/ES, Dr. Pedro Scarpi Melhorim.