Se uma cooperativa sozinha já faz a diferença, várias delas juntas são capazes de transformar o mundo. Pensando nisso, o Sistema OCB/ES realizou o evento “ES Coop para o Futuro” com o objetivo de estimular a atuação conjunta das cooperativas capixabas por meio da intercooperação e mostrar oportunidades de negócios a partir da diversificação.
O encontro teve início nesta quinta e sexta-feira (1º/8), no Hotel China Park, em Pedra Azul. No total, 119 lideranças de 40 coops do estado, dos mais diferentes ramos e segmentos, participaram do momento. Durante a programação, o público presente teve acesso a uma gama de informações relevantes, provocações e cases de sucesso para aprofundarem o conhecimento no tema e se inspirarem.
De acordo com o presidente do Sistema OCB/ES, Dr. Pedro Scarpi Melhorim, o evento foi uma possibilidade de ampliar ainda mais os negócios cooperativistas. “Juntas, as lideranças podem refletir caminhos para desenvolverem projetos e ações entre as cooperativas, possibilitando que o modelo de negócio como um todo cresça e se fortaleça cada vez mais”, explicou a liderança.
Para o diretor-executivo Carlos André Santos de Oliveira, o incentivo é fundamental para garantir a perenidade do cooperativismo. “A intercooperação é um dos nossos princípios e é, principalmente, uma forma de garantir o nosso futuro. O intuito é provocar e convidar nossas lideranças a aceitar esse desafio. Afinal, cooperar está na nossa essência e nos fará prosperar”, destacou.
Ações do Sistema OCB Nacional
A programação foi iniciada com uma apresentação da gerente geral do Sistema OCB nacional, Fabíola Motta, que trouxe uma série de ações colocadas em prática pela organização de representação do cooperativismo brasileiro. O momento foi destinado a mostrar como essa grande rede de defesa do coop conecta, defende, cria, ensina e dá suporte às cooperativas brasileiras.
Durante sua fala, Nader aproveitou para mostrar uma série de serviços que a organização possui para as cooperativas registradas e regulares e destacou o papel desempenhado pela unidade do ES. “Costumamos dar devolutivas aos estados sobre as suas atuações, prestação de serviços, qualidade do atendimento, entre outras coisas. Em termos de organização estadual, o Espírito Santo registrou algumas das melhores notas em todo o Brasil”, disse.
Ela lembrou que o Sistema OCB/ES alcançou todas as metas estabelecidas em 2023 e também bateu as deste ano, com alguns destaques, como 100% da meta de SouCoop (atualização dos dados das coops) e 99 cooperativas com algum atendimento feito pela instituição ao longo do ano, contra apenas três que não demandaram qualquer atendimento (maior índice em todo o país, segundo ela).
Um dos grandes tópicos debatidos foi a atuação do Sistema OCB na discussão do texto do PLP 68/2024, que visa regulamentar a reforma tributária. A instituição vem trabalhando firmemente para garantir o correto tratamento tributário às cooperativas, conquistando vitórias na Câmara dos Deputados. Entretanto, ela destacou que ainda há desafios pela frente.
“Para muitas pessoas, esse tema da Reforma Tributária parece ter entrado em pauta somente agora, mas estamos trabalhando nesse assunto desde 2019. Do início até este momento, avançamos em importantes pontos, mas o nosso maior desafio agora é manter essas conquistas também no Senado e, se possível, avançar ainda mais. Para isso, o envolvimento de vocês, cooperativistas, é fundamental”, completou.
Cenário Econômico
Na sequência, o professor doutor e presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, levou para discussão o tema “Cenário econômico com foco em diversificação das atividades do setor produtivo. Um dos tópicos abordados foi o ES 500 anos, um plano de desenvolvimento do estado de longo prazo, com enfoque regional, fruto da sinergia entre os poderes estadual e municipal, setores produtivos sociedade.
Nesse sentido, de acordo com o palestrante, o Espírito Santo possui importantes bases para garantir o avanço contínuo do modelo de negócio cooperativista, que, em contrapartida, gerará mais ganhos para a sociedade. “O cooperativismo deve ser entendido como uma alavanca para o desenvolvimento, progresso e futuro do Espírito Santo e do país. Os dados já mostram isso”, iniciou.
Lira também citou a posição geográfica do estado, que é uma aliada. “Hoje o ES congrega mais de 70% do PIB brasileiro e mais de 50% da população está nesse raio de influência”, completou ele após apresentar uma série de indicadores. O palestrante finalizou a sua fala parabenizando o público: “vocês que estão aqui mostram que querem fazer a difereça”, concluiu.
Análise do Coop Capixaba
A terceira palestra do primeiro dia se propôs a fazer uma análise do cooperativismo capixaba, a partir de uma visão analítica da atualidade versus as cadeias produtivas eficientes e diversificadas. O momento foi conduzido pelo professor da DVF consultoria, Durval de Freitas.
Ao longo da sua apresentação, Freitas elogiou o cooperativismo capixaba, mas destacou que não é possível se acomodar. “Aqui no Espírito Santo, as cooperativas estão indo muito bem, mas sempre penso que dá para melhorar. Não adianta acharmos que é possível só fazer bem aquilo que já fazemos. Precisamos buscar novas oportunidades, novos mercados, diversificar”, aconselhou.
Ele ainda deu um caminho para ser seguido. “Vocês não podem se enxergar como concorrentes. Os concorrentes de vocês não estão aqui, estão no Japão, estão lá fora. Internamente, vocês precisam se enxergar como parceiros e trabalhar juntos para não ficarem pata trás. Essa é uma estratégia inteligente e eficiente de fazerem mais negócios”,
Oportunidades de Mercado
E para fechar o momento de apresentações, o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) Marcello Brito, convidou as lideranças cooperativistas a conhecerem caminhos práticos para estratégias de potenciação de negócios, aproveitando as oportunidades de mercado. A proposta foi mostrar que o futuro não é mais como antigamente e refletir sobre os cenários do agro nacional.
Em sua palestra, Brito trouxe três fatos para a reflexão: 1) que as grandes decisões políticas mundiais não passam pelo Brasil; 2) que as grandes novidades produzidas pela ciência e pela tecnologia raramente serão produzidas aqui; 3) e que estamos expostos a um altíssimo risco comercial. Por fim, apresentou caminhos para o sucesso. Os fatos foram usados para mostrar a necessidade de se renovar.
“Esses cenários mostram desafios para o sucesso. Alguns desses desafios são a diversificação em um mundo multimercado e de ascendência de uma nova geração de consumidores; a intercooperação, capaz de gerar abundância, inteligência competitiva e inteligência de mercado; e uma visão voltada para sistemas integrados e multimercados”, pontou.
“Vocês estão em um estado de muita potencialidade. Isso precisa ser usado por vocês, e de maneira estratégica. Aqui no estado vocês têm uma estrutura que permite ir além. Mas, para isso, é preciso querer inovar”, completou.
Painel | Oportunidades para o cooperativismo capixaba
O primeiro dia da programação foi encerrado com um painel cujo objetivo que reuniu os três palestrantes (Pablo Lira, Durval de Freitas e Marcello Brito) para conectar visões e opiniões sobre os temas abordados, com participação e interação com o público. A mediação foi realizada pelo diretor executivo do Sicoob ES e presidente do Movimento Espírito Santo em Ação, Nailson Dalla Bernardina.
O mediador compartilhou com os convidados as perguntas enviadas pelos participantes e deixou, também, contribuição para o tema. “Falo sobre a intercooperação como uma pessoa de dentro do cooperativismo. Aqui no estado, temos intercooperação entre diferentes atividades. Mas quando falamos de um mesmo mercado, não temos o mesmo exemplo. Precisamos olhar para dentro e fazer essa reflexão sincera”, disse Bernardina.
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es coop intercooperaçãoFonte: Sistema OCB/ES
