Carregando...
Brasil e Mundo

Um mundo de informações à sua disposição

Descubra como o coop pode encontrar, organizar e utilizar dados internos e externos para crescer e fazer negócios


11/01/2023 09:46 - Por Carina Dourado
Compartilhe
Foto: Canva

Tomates ou alfaces? Não parece, mas uma pergunta simples como essa, feita para es - colher qual produto será cultivado em propriedade, é capaz de mudar os rumos de toda uma produção. Antes de tomar uma decisão, o produtor precisa se fazer uma série de outras perguntas: qual produto pode ser colhido o ano todo? Qual deles tem os insumos mais baratos? E as pragas de qual é mais fácil controlar? Preciso de quantos funcionários para lidar com a plantação? Qual a variação de preço ao longo do ano? Preciso de embalagem para o produto?

A experiência do produtor, incluindo os anos na lavoura, os erros e acertos cometidos ao longo do tempo e o conhecimento sobre a composição dos preços certamente facilitam o processo de decisão. O consumidor, na outra ponta, não tem tantas preocupações e foca no valor final do produto. Mas para quem produz, é essencial que todas as escolhas (ou pelo menos a maior parte delas) gerem resultados positivos, fazendo o negócio valer a pena.

Independentemente do ramo de atuação da sua cooperativa, o uso de dados pode elevar ainda mais o nível de acertos e a redução dos riscos do negócio. Todas as informações sobre o processo de produção, estoque de matéria-prima, logística, composição de preço e desempenho de mercado — quando bem organizadas e analisadas — podem ajudar o gestor a tomar decisões mais rápidas e assertivas.

“No dia a dia, as pessoas têm a tendência de tomar decisões com caráter mais subjetivo, baseadas na própria experiência, o que não significa que é sempre um erro. Mas quem tem uma base de da - dos confiável para analisar, pode obter resultados ainda melhores, encontrando caminhos e soluções que vão além do óbvio”, analisa André Filipe Batista, pós - -doutor em Data Science e especialista em inteligência artificial.

 

PRECISO DE TUDO ISSO?

Vivemos em tempos de superprodução de dados. Basta fazer uma busca na internet para encontrar informações e números detalhados sobre qualquer assunto. Tudo o que os quase 5 bilhões de internautas fazem on-line também tem grande potencial para virar dados. A previsão é que, até 2025, haja 175 zettabytes de dados no mundo virtual. Quer ter uma ideia aproximada da magnitude desse número? Pois bem, se essa quantidade de informações fosse armazenada em DVDs em - pilhados, ela seria longa o sufi - ciente para dar a volta à Terra 222 vezes. Os dados são da empresa de inteligência de mercado IDC.

Diante de números tão impactantes, você pode estar começando a pensar: preciso ter essa quantidade gigantesca de dados à minha disposição para fazer minha cooperativa funcionar? A resposta é tranquilizadora: provavelmente, não.

“Boa parte das empresas [e as cooperativas se incluem aí] vão viver no mundo de small data, ou seja, trabalharão com poucos conjuntos de dados, e isso não significa que elas não vão tirar proveito disso”, avalia André Filipe. O pós-doutor explica que é assim que se começa e, conforme o uso, as instituições tendem a amadurecer, criando bases de dados cada vez maiores, o que possibilita aná - lises mais profundas.

Para Max Stabile, diretor executivo do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), a questão não é o tamanho da base a ser trabalhada. “O desafio é se a sua empresa será capaz de registrar cada etapa de seu processo produtivo de uma forma que possa ser visualizada analiticamente”, explica. “O mais complexo é justamente levantar os dados necessários para essas análises, que envolve todos os custos com insumos, funcionários e produtividade. Essa parte da coleta é a mais difícil, na nossa experiência. A maior parte das empresas têm processos, mas elas registram isso de fato?”, questiona.

 

COMO COMEÇAR?

Todo o processo de coleta, organização, limpeza e visualização de dados em ferramentas que auxiliam um gestor a tomar decisões é chamado de business intelligence (BI). Segundo os especialistas, o mais difícil de todo o processo é a organização e coleta de dados.

“O primeiro passo de uma consultoria de BI é a organização dos processos do cliente. Muitas vezes, é preciso conversar internamente para que todos os dados se comuniquem: o financeiro, o RH, o comercial”, exemplifica Max Stabile, do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados.

Na visão do executivo, essa é a parte mais difícil da implementação de uma cultura de gestão guiada por da - dos, mas também é a mais importante. “Ter clareza no seu processo, já faz com que você tenha condições de planejar e questionar se as ações que você vai fazer são melhores ou piores”, explica.

A próxima fase é a que Stabile chama de “recorte” ou de visualização. Ela dá ao cliente uma ideia das informações que foram levantadas, com representações visuais em dashboards (painéis de visualização), com gráficos e indicativos, para que seja fácil compreender esses dados.

A análise desses dados é a terceira etapa do projeto de BI — feita a partir das perguntas que precisam ser respondidas para auxiliar na tomada de decisão. Nessa fase, é possível identificar padrões e também pontos fora da curva, que serão usados para desenvolver estratégias e ações que impulsionem o negócio.

“Depois de conseguir visualizar os dados com clareza, os gestores passam a olhar com maior atenção para os dados que estão alinhados com a estratégia e com a redução de riscos dos negócios. Para eles, fica mais fácil entender quais variáveis fazem os ponteiros dos resultados mexerem”, explica o pós-doutor André Filipe.

É aí que eles começam a entender a força do BI e passam a querer avançar um pouco na análise de dados, solicitando a construção de sistemas preditivos, ou seja, que ajudem a prever tendências de futuro para o empreendi - mento e para o mercado com um todo (análises setoriais).

“É natural que o cliente comece a fazer a gestão guiada por dados em dashboards para, em seguida, prosseguir para modelos preditivos, nos quais é possível entender mais sobre os cenários de futuro do negócio”, comemora o acadêmico.

 

A GESTÃO DA SUA COOP É HIPPO?

Um dos fenômenos que a gestão guiada por dados previne é o chamado HiPPO — sigla, em inglês, para Highest Paid Person’s Opinion (em português, “a opinião da pessoa mais bem paga”). Essa é uma tendência já constatada em diversos setores da economia, inclusive no cooperativismo, que consiste na delegação da tomada de decisão às pessoas com os maiores cargos e salários em uma hierarquia.

O problema é que, normal - mente, esses líderes costumam embasar suas decisões em suas próprias convicções ou experiências — o que pode ser extremamente prejudicial em mercados cada vez mais voláteis, competitivos e sujeitos a grandes transformações. Para evitar problemas, o melhor a fazer é investir em ferramentas de BI, capazes de ajudar os gestores HiPPOs a perceber para onde os ventos estão soprando na economia.

 

PIONEIRISMO MINEIRO

Quando o assunto são dados, o Sistema Ocemg — formado pelo Sindicato e pela Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais — é referência para o coop brasileiro. Desde 2004, a Unidade Estadual define o seu planejamento estratégico apoiado nas estatísticas trazidas pelo Sistema de Informação Gerencial (SIG) — plataforma com dados cadastrais, econômicos e sociais das cooperativas mineiras.

“Nosso sistema evoluiu muito nos últimos anos. Hoje, já é possível acessar em tempo real os atendimentos disponibilizados às cooperativas ao longo do ano, bem como informações sobre arrecadação e adimplência, em relação às contribuições do sistema cooperativista”, explica Alexandre Gatti, superintendente do Sistema Ocemg.

Ainda segundo Gatti, a análise dessas informações também tem ajudado o Sistema Ocemg a fazer investimentos, direcionar ações de desenvolvimento profissional por ramo ou área, além de elaborar estratégias para aperfeiçoar e alavancar o coop mineiro no mercado.

“Às vezes, uma cooperativa nos demanda um curso relacionado à planejamento orçamentário e essa pode ser uma lacuna da região em que ela está inserida. Os nossos diagnósticos de monitoramento nos permitem identificar outras cooperativas com essa mesma demanda e, assim, fica mais fácil otimizar o recurso e maximizar o atendimento”, explica.

O SIG também permitiu que o Sistema Ocemg verificasse o alcance de seus programas e projetos. “Tivemos a grata surpresa de confirmar que 90% das cooperativas já utilizaram mais de um de nossos serviços este ano, o que demonstra a penetração das atividades e ações do Sistema junto às coops associadas”, avalia.

A gestão guiada por dados do coop mineiro tem ajudado a equipe da Ocemg a compreender a realidade das cooperativas do estado, deixando mais claro para todos quais são as principais necessidades e movimentos do mercado.

E para garantir que os dados estejam sendo correta - mente coletados e analisados, buscou-se profissionais com vasto conhecimento na gestão da informação, além de técnicos especialistas em cooperativismo, mercado e TI.

“Investir em um quadro especializado de profissionais que entendam do nosso negócio e, por consequência, das demandas geradas por ele, é um diferencial que permite ao Sistema Ocemg se destacar”, conclui Gatti.

O pós-doutor em Data Science André Filipe concorda e acrescenta: para ser eficiente, um projeto de gestão guiada por dados deve ser baseado em um tripé de profissionais.

O primeiro ponto de apoio é uma pessoa que saiba trabalhar com os dados, normal - mente alguém da parte de TI. O segundo é alguém que seja responsável pela análise e validação estatística desses dados, geralmente um estatístico ou economista. O último componente dessa equipe é um profissional que entenda do negócio, dos dados levantados e do motivo de cada informação estar ali.

“Quando a gente junta esses três profissionais para trabalhar, temos tudo o que é preciso para fazer uma ferramenta de BI consistente: o profissional de TI lida com a matéria - -prima, que são os dados. O estatístico ou economista sabe olhar de forma estratégica para aquela massa de informações; já o especialista de mercado entende como aquelas informações podem ajudar a alavancar os negócios”, conclui.

Vale destacar: o SIG é também uma das principais fontes de informação do Anuário do Cooperativismo Mineiro, uma radiografia do setor em Minas Gerais. A visualização dos da - dos está acessível, de forma gratuita e forma atualizada, a todas as pessoas interessadas.

 

UM DASHBOARD PARA O COOP

Uma excelente maneira de experimentar uma jornada de tomada de decisão baseada em dados, é acessando o dashboard de Indicadores Econômicos do Sistema OCB. A ferramenta lançada em julho de 2021 oferece, em um só lugar, dados macroeconômicos nacionais e mundiais, que podem ajudar sua coop no processo de tomada de decisão.

“Nosso dashboard organiza, em um mesmo lugar, dados públicos estratégicos, como o índice de inflação, Produto Interno Bruto (PIB), emprego, juros, renda, entre outros. As informações são atualizadas automaticamente, assim que os dados são publicados. Além disso, também é possível acessar projeções e perspectivas dos principais indicadores econômicos”, explica Ana Tereza Libânio, analista de estudos econômicos do Sistema OCB.

Toda cooperativa registrada junto à OCB tem acesso à plataforma, com o mesmo login e senha já usa - dos para se conectar aos demais sistemas da Casa do Cooperativismo. Para garantir a segurança dos dados do cliente, é preciso uma autenticação via QR Code. A ferramenta é didática e segmentada por tópicos, como conjuntura, indicadores regionais, nacionais, com um enfoque especial para os 7 ramos do cooperativismo.

Ana Tereza destaca que o processo de tomada de decisão deve ser subsidiado em duas frentes: nas próprias informações das cooperativas, mas também nas tendências de mercado e cenários econômicos. “As informações servem como bússolas, para decidir o próximo passo, ver se faz sentido o caminho projetado e nada melhor do que os dados para orientar”, explica.

Para auxiliar ainda mais as cooperativas, a OCB também oferece análises econômicas de temas que estão em alta, que podem ser encontradas no Conexão Coop, na parte de inteligência de mercado.

Clique aqui para acessar o dashboard de Indicadores Econômicos do Sistema OCB.

 

TIRA-DÚVIDAS

  • O que é gestão guiada por dados (data driven management)?

É um modelo de gestão no qual a empresa baseia a toma - da de decisão e o planejamento estratégico na coleta e na análise de informações – e não em intuição ou experiências.

Não é, portanto, uma ferramenta, mas uma metodologia que permite às organizações terem uma ideia mais precisa do seu negócio, conferindo a elas uma maior capacidade de aproveitamento de oportunidades e de antecipação de tendências e problemas.

 

  • Quais informações são levadas em conta em uma gestão guiada por dados?

Os dados a serem analisados por uma empresa orientada por dados costumam ser disponibilizados em ferramentas de inteligência de mercado (BI). Esses sistemas coletam da - dos de diversas fontes, tanto internas quanto externas. Elas cruzam essas informações de modo a oferecer um panorama mais claro do mercado e da própria organização.

 

  • Quem cuida da montagem e das análises de uma ferramenta de BI?

É fundamental montar uma equipe multidisciplinar para garantir o sucesso de um projeto guiado por dados. Recomenda-se contratar no mínimo três profissionais: cientista de dados, profissional de tecnologia da informação capaz de coletar e tratar essas informações; um estatístico ou economista, capaz de analisar os dados utilizando as técnicas adequadas; um especialista em mercado, que será encarre - gado de entender os impactos dessas análises no mercado e nos negócios da sua cooperativa.

 

  • Por que investir em uma gestão guiada por dados?

Em tempos de economia globalizada e revoluções tecnológicas, é preciso tomar decisões rápidas, assertivas e capazes de escalar os resultados da empresa de forma ágil e eficiente. Não dá mais para confiar apenas na intuição de um líder ou em experiências acumuladas no passado, principalmente em um mundo onde todo mundo tem acesso ilimitado a dados. Nesse novo contexto, o que diferencia um gestor do outro não é o acesso à informação, e sim ter a capacidade de entender o que ela quer dizer.

Para completar, a gestão guiada por dados otimiza o tempo dos gestores, previne erros, reduz custos, e ajuda a identificar padrões e pontos fora da curva capazes de gerar novas oportunidades de negócio. É um atalho seguro para sair da mesmice e enxergar além do óbvio.

 

Fonte: Revista Saber Cooperar - Sistema OCB

Outras notícias + Lista completa
Sou.Coop