O projeto Conilon Origem
Singular, lançado pela Cooabriel em parceria com o Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), completa um ano e,
como previsto, fecha a primeira etapa do cronograma de ação, e apresenta os
resultados aos produtores.
O projeto tem duração de três
anos e foco na melhoria da qualidade e sustentabilidade do café conilon.
Objetiva estimular uma nova forma de pensar o processo produtivo, com
adaptações de ações tecnológicas em várias etapas na condução da atividade.
Na etapa 2021 foram acompanhadas
trinta propriedades de produtores cooperados. Neste ano de 2022 mais trinta
estarão no projeto e até 2023 serão consideradas 90 propriedades. Estas serão
unidades de referência para acompanhamento e demonstração das boas práticas de
processamento, secagem e controle de qualidade para os produtores.
As propriedades do projeto estão
localizadas nas microrregiões norte, noroeste, nordeste e bacia do rio doce do
Estado do Espírito Santo.
Para a entrega dos resultados dos
experimentos desta etapa, foram realizados nos dias 10 e 11 de março encontros
presenciais com os cooperados e equipe do Ifes e da Cooabriel nas unidades de
Nova Venécia, Vila Pavão, São Gabriel da Palha e Águia Branca, no Espírito Santo.
Além dos cooperados que atuam no
projeto, outros produtores também participaram dos encontros para conhecerem
aspectos das tecnologias empregadas na melhoria da qualidade do café conilon.
O presidente da Cooabriel, Luiz
Carlos Bastianello, que esteve presente nos encontros, falou que o projeto
Conilon Origem Singular surgiu a partir da busca da cooperativa por
conhecimento científico na apuração da qualidade do café conilon. “Nosso papel
é trazer conhecimento ao nosso cooperado sobre formas de melhorar a qualidade
do grão. Nosso produtor trabalha qualidade de acordo com os conhecimentos dele
e o projeto vem agregar muito mais nesta área, pois traz conhecimento técnico.
Já estamos colhendo os resultados nesta primeira etapa. Um exemplo foi o café
do cooperado que está no projeto, Edgar Bastianello de Nova Venécia, que por
meio do emprego de tecnologias no processamento de grãos, obteve resultados
surpreendentes de qualidade, tanto que seu café atingiu 90 pontos no concurso
de qualidade de café da Cooabriel do ano passado. O projeto Conilon – Origem
Singular vai ser um divisor de águas para o conilon”, disse.
Os coordenadores do projeto pelo
Ifes, Prof. Lucas Louzada Pereira, D.Sc e Prof. Aldemar Polonini Moreli,
D.Sc, conduziram os experimentos e apresentaram os resultados aos produtores.
De acordo com eles, nesse
primeiro grupo de estudo foi possível reunir os resultados sensoriais, que
expressam as principais características dos cafés estudadas, e dar
direcionamento para que os produtores possam aplicar os melhores processos já
nesta safra, ou seja, proporcionar uma metodologia eficaz para este grupo
iniciar processos de qualidade de forma simples.
Em uma análise mais generalizada,
segundo os profissionais, os resultados são positivos, mas também existem
muitos gargalos e ações a serem melhoradas no contexto macro. Já de forma
pontual foi identificado um processo que permitirá os produtores associados da
Cooabriel produzirem um café acima dos 80 pontos pelo protocolo do Coffee
Quality Institute (CQI). “Esse resultado será direcionado às famílias que
fizeram parte do grupo de associados que foram assistidos em 2021. Para o ano
de 2022, iremos repetir os experimentos com mais 30 famílias envolvidas”, disse
o professor Lucas.
O coordenador assinala que a
partir dos experimentos junto aos produtores, a intenção é formar uma rede de
cooperação dentro da cooperativa em prol da qualidade, de forma que eles possam
realizar troca de experiencias entre si, de modo que o ciclo da qualidade se
torne virtuoso e uma constante na Cooabriel. Esses produtores serão monitorados
nos próximos 2 anos e será acompanhado o grau de evolução dos processos, quais
são os gargalos a serem superados, quais as barreiras precisam ser transpostas
e, acima de tudo, construir uma estratégia sólida de valorização da qualidade
do café conilon como uma bebida singular.
“Poucas pessoas conheciam o
potencial de qualidade do café conilon, se compararmos hoje, o mercado atual, é
inimaginável a indústria remunerar mais um produtor que produz café do tipo
“Rio” em detrimento de um produtor que produz um café “Conilon Especial”, essa
página precisa ser virada, precisamos mostrar para os consumidores e para a
indústria que o café conilon de qualidade é uma matéria prima disponível para
ser inserida nos lares dos brasileiros de forma singular, sem blends, sem
misturas. Devemos reforçar esses aspectos, de forma que a agregação de valor
chega na mesa do produtor, que está na base da cadeia produtiva”, destacou o
professor.
O Superintendente da Cooabriel,
Carlos Augusto Pandolfi, reforçou que o projeto tem o grande propósito de
ampliar a produção de café conilon de qualidade na área de ação da Cooabriel
por meio da conscientização sobre as boas práticas alimentares além de atender
o mercado. “O projeto tem como foco, melhorar a qualidade do café conilon
produzido na área de ação da cooperativa. Queremos estimular cada vez
mais nosso produtor a olhar sua produção e tratar seu café como alimento.
Daí a importância do cuidado, do zelo em conduzir a atividade dentro de boas
práticas alimentares com especial atenção aos cuidados nas fases de preparo no pós-colheita
e processamento do grão. Tudo isso é importante no projeto e como consequência
traz também a apuração de um café conilon especial que permite o alcance de
mercados diferenciados” concluiu.