A Ufes obteve o registro de mais
uma cultivar de café conilon no Ministério de Agricultura (Mapa): a Forte
Guarani (de nome científico Coffea canephora Pierre ex A. Froehner). Esse foi o
primeiro trabalho com foco numa cultivar com altos teores de cafeína em grãos
de conilon.
O melhoramento da semente foi realizado
pelos pesquisadores da Ufes Fábio Luiz Partelli e Gleison Oliosi, e da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adriana Farah e Juliana de Paula
Lima, com a parceria dos cafeicultores Hermes Joaquim Partelli e Valnei Marcos
Partelli. A pesquisa recebeu o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e
Inovação do Espírito Santo (Fapes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
Segundo o professor Fábio Luiz
Partelli, também diretor de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação da Ufes (PRPPG), o genótipo Forte Guarani destacou-se pela
produção e por alto teor de cafeína no grão, sendo observado em uma lavoura de
semente cultivada no interior do município de Vila Valério, noroeste do
Espírito Santo.
A identificação ocorreu no final
da década de 1990 na propriedade Sítio Araripe, do cafeicultor Hermes Partelli.
Posteriormente foi propagada de forma vegetativa, sendo cultivada por anos na
propriedade da família. Diversos agricultores da região e até mesmo de outras
localidades do norte do estado e do leste de Minas Gerais trabalharam com a
semente.
“Para escolha do genótipo Forte
Guarani foi considerado o vigor e a resistência a pragas e doenças, tendo
produtividade satisfatória e os maiores teores de cafeína no grão quando
comparado aos outros 42 genótipos avaliados na mesma ocasião”, afirma o
professor.
CARACTERÍSTICAS
A cultivar apresenta 5,30 cm de
distância média de entrenó de ramos plagiotrópicos, 15,86 cm de comprimento
médio de folha e 6,50 cm de largura média das folhas. A média do teor de
cafeína nos grãos em dois anos foi de 2,68g por 100g no grão cru, enquanto a
média dos demais genótipos avaliados foi de 1,86g por 100g.
A expectativa é que, com
características desejáveis e, sobretudo, altos teores de cafeína e produtividade
satisfatória, ela tenha grande aceitação entre os cafeicultores, podendo ser
cultivada em condições climáticas similares às que foram testadas.
De acordo com o professor
Partelli o cultivo é recomendado para o Espírito Santo, sul da Bahia e leste de
Minas Gerais, em altitude inferior a 500 metros. “E que seja cultivado com
genótipos em linha, tendo até 66% da cultivar Forte Guarani e 33% de uma
mistura de genótipos para garantir a fecundação”, afirmou.