O cooperativismo mostrou sua
força e capacidade de inovar em Glasgow, na Escócia. Durante o painel sobre
Negócios Sustentáveis na Amazônia — realizado hoje no pavilhão brasileiro da
Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26) —, a gerente-geral da
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Fabíola Nader Motta, apresentou
ao mundo um pouco do que as cooperativas brasileiras têm feito para aliar
produtividade com preservação ambiental.
O painel contou com a
participação do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que não estava
prevista na programação oficial. “Fiz questão de vir aqui porque o
cooperativismo é um caminho para a preservação de regiões como a Amazônia. Esse
modelo de negócios traz uma nova oportunidade para quem vive lá, através de
todo o suporte que a cooperativa dá aos produtores locais. Suporte tecnológico,
de inovação, suporte de educação, suporte, financeiro. Vocês têm uma estrutura
fantástica. Parabéns e obrigada”, disse Leite.
Em sua fala, a gerente-geral da
OCB lembrou que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil. Ela ressaltou o
papel protagonista que o cooperativismo pode ter para ajudar o país a cumprir
as metas de diminuição do desmatamento ilegal e da emissão de gases do efeito
estufa. Como exemplo disso, citou o trabalho desenvolvido por cooperativas como
a Camta — Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu —, localizada no Pará.
Criada em 1931 por imigrantes
japoneses, a Camta desenvolveu um sistema de produção agroflorestal que reúne,
em um mesmo espaço, culturas como açaí, mandioca e pimenta do reino, além do
extrativismo de óleos como a andiroba. “Os cooperados da Camta aprenderam
com os ribeirinhos, que vivem às margens do Rio Amazonas, que, na floresta, as
plantas não sobrevivem sozinhas, por isso, o ideal era diversificar a
produção”, conta Fabíola.
O novo sistema de produção
agroflorestal começou a ser implantado na década de 70, depois que uma praga
arruinou a monocultura de pimenta-do-reino — até então a principal fonte de
renda dos cooperados, que exportavam o produto para outros países.
"Seguindo os ensinamentos
dos ribeirinhos, os cooperados da Camta colocaram o açaí, o cacau, a mandioca e
a pimenta-do-reino para conviverem juntos, em harmonia, com a floresta
Amazônica. São 5 mil hectares de terra, onde as plantas de uma cultura
servem de adubo para o crescimento e fortalecimento das outras. Isso mantém o
solo úmido e fértil, respeitando o clima e a biodiversidade local. Imitando o
ciclo natural da floresta, a produção da Camta não empobrece o solo, aumenta a
produtividade e ainda ajuda a recuperar áreas da floresta que tinham sido
degradadas", explicou a gerente-geral da OCB.
MÃOS DADAS
Desde que adotou um sistema
agroflorestal de produção, a Camta só melhorou seus resultados. Hoje, ela
produz 800 toneladas de cacau e 6 mil toneladas de polpa de fruta por ano.
Parte desses produtos é exportada para países como Estados Unidos, Alemanha,
Argentina e Japão.
Além disso, a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) comprovou que o modelo de produção da Camta
reduz em 5 vezes a emissão de gases do efeito estufa na floresta. "É a
prova de que produtividade e sustentabilidade podem andar de mãos dadas",
elogiou Fabíola, acrescentando que a cooperativa tem recebido prêmios nacionais
e internacionais de preservação ambiental. “É um exemplo que precisa ser
reconhecido, valorizado e replicado, beneficiando diretamente mais de 10 mil
pessoas na comunidade de Tomé Açu. Uma gente simples, que vive e precisa da
Amazônia em pé".
COOPERANDO COM O FUTURO
A gerente-geral da OCB também
mostrou na COP26 o trabalho do cooperativismo brasileiro na produção de energia
renovável: já são mais de 540 empreendimentos cooperativos com esse foco. E o
fomento ao setor conta com a intercooperação com o cooperativismo alemão.
Dentre os cases apresentados, Fabíola citou a geração de energia limpa por
biomassa de cinco cooperativas brasileiras (Vale, Castrolanda, Lar, Copacol e
Frisia) que evitam a emissão de 40 milhões de metros cúbicos de gás metano por
ano.
Fabíola Nader Motta ainda elencou
o trabalho de diálogo com o Congresso Nacional feito pela OCB para garantir a
evolução, segurança jurídica e modernização da legislação ambiental. “Um dos
nossos maiores desafios é colocar em pratica o pagamento por serviços ambientais
e o mercado de carbono que podem potencializar ainda mais as ações de
conservação do meio ambiente.”
COOP EM NÚMEROS
- O Brasil possui 4.868 cooperativas, que reúnem mais de 17,3 milhões de associados.
- As cooperativas empregam diretamente 455 mil trabalhadores em todo o Brasil.
- No campo, as cooperativas auxiliam pequenos e médios produtores rurais na transferência de tecnologia e no acesso a mercados internos e externos. Mercados aos quais eles não teriam acesso se estivessem trabalhando sozinhos.
- Cerca de 5% do rendimento das cooperativas brasileiras é revertido para as comunidades próximas, inclusive para ações ambientais.
- Mais da metade da safra brasileira conta com a participação direta das cooperativas brasileira. Com inovação e tecnologia, elas buscam equilibrar geração de renda e preservação ambiental.
COOP NA COP 26
O Sistema OCB lançou uma página
com informações sobre o que está acontecendo na Conferência das Nações Unidas
sobre as Mudanças Climáticas de 2021. Nela estão disponíveis cases inspiradores
e o manifesto da instituição com a visão e o posicionamento do cooperativismo
brasileiro a respeito da sustentabilidade e preservação ambiental do planeta.
Acesse agora mesmo e confira: https://www.cooperacaoambiental.coop.br.
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cop26 sustentabilidade cooperativismoFonte: Sistema OCB