No dia 21 de outubro comemoramos
o Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC). A data é celebrada
sempre na terceira quinta-feira de outubro e, este ano, o tema definido pelo
Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU, na sigla em inglês),
é Construindo saúde financeira para um futuro melhor. Impossível não
reconhecer o importante papel que as cooperativas de crédito brasileiras
desempenham nesse sentido. E é justamente esse o objetivo deste artigo.
Mais que um modelo de negócios, o
cooperativismo é uma filosofia de vida que busca transformar o mundo em um
lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos.
Um caminho que mostra que é possível unir desenvolvimento econômico e social,
produtividade e sustentabilidade, o individual e o coletivo.
Nesse contexto, as cooperativas
de crédito não podem ser definidas apenas como instituições financeiras. Para
muito além das operações tradicionais, elas asseguram o exercício da cidadania
por meio da democratização do crédito, da educação e da inclusão financeira de
seus associados, gerando impactos significativos onde atuam.
Mais do que organizar um
orçamento, a educação financeira transmite conhecimento, atitudes e habilidades
para a adoção de boas práticas que permitem administrar recursos de forma
eficiente, incentivando a poupança e o gasto com cautela, além de estimular
investimentos. Ela busca ainda desenvolver consciência crítica sobre
endividamentos e promover reflexão sobre a real necessidade de consumo.
Estar presente nas comunidades é
outra característica das cooperativas de crédito, o que favorece um
relacionamento mais próximo com o associado, enfatizando o elo comum entre seus
membros e a presença na vida social da comunidade, principalmente em cidades
com menor população.
Prova disso é que as cooperativas
de crédito estão espalhadas por todo o Brasil; são 13,6 milhões de associados a
826 cooperativas, atendidos por 7.560 pontos de atendimento que, em comparação
aos bancos, são a maior rede de atendimento financeiro do país. Além disso,
elas estão presentes em 594 munícipios onde são a única instituição financeira
disponível, uma vez não há bancos tradicionais nessas localidades.
Em termos de comparação, nos
últimos cinco anos, 3.863 agências bancárias e 87 postos de atendimento
bancário (PAB) foram fechados em todo o país. Por outro lado, foram abertos
1.899 pontos de atendimento de cooperativas (PAC). Desses, 332 foram abertos em
municípios onde não havia presença de cooperativa de crédito e 31 em 30
municípios que também não possuíam presença de cooperativas e perderam unidade
de atendimento bancários.
A capilaridade e a reciclagem
local da poupança também são características que habilitam as cooperativas de
crédito como alavancas do desenvolvimento regional. Em estudo divulgado pela
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), constatou-se que cidades
brasileiras com presença de cooperativas de crédito possuem incremento no
Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 5,6%, com a criação de 6,2% a mais de
empregos e aumento de 15,7% no número de estabelecimentos comerciais.
O estudo da Fipe revela ainda que
cada R$ 1,00 concedido em crédito pelas cooperativas gera R$ 2,45 no PIB da
economia. Esse incremento é justificado por taxas e tarifas mais justas, que
contribuem para amenizar desigualdades sociais e para levar inclusão financeira
a mais e mais pessoas por meio do cooperativismo de crédito.
Outro diferencial importante das
cooperativas de crédito é que o resultado anual é chamado de sobras.
Diferentemente do lucro das sociedades anônimas, que é destinado aos
acionistas, nas cooperativas, as sobras são divididas entre seus associados que
também são os donos do negócio.
Por estas características, de não
objetivo de lucro, de estarem presentes em locais remotos do país e terem
atuação regionalizada, propiciando o desenvolvimento local, inclusão e educação
financeira, além da democratização do crédito é que as cooperativas de crédito
têm aumentado sua presença sempre com o mesmo objetivo: alcançar o bem comum.
Artigo publicado originalmente
na Gazeta
do Povo.
Márcio Lopes de Freitas é
presidente do Sistema OCB.
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