O cooperativismo é para todas as idades, inclusive para as novas gerações. É isso que o programa Cooperativa Mirim tem evidenciado no Espírito Santo. Neste mês de outubro, o programa completa cinco anos de existência no estado. Durante esse período, muitas conquistas foram alcançadas, contribuindo com o aprendizado de centenas de estudantes e com a disseminação do movimento cooperativista no ambiente escolar.
Tudo começou no dia 2 de outubro de 2018, quando foi constituída a primeira cooperativa mirim do Espírito Santo, a Cooperjetibá, formada por alunos da Cooperativa Educacional Centro Serrana (Cooperação). Dias depois, no mesmo mês, outras duas coops mirins compostas por alunos de cooperativas educacionais foram fundadas. São elas a Coopemcel, da Cooperativa Educacional de Linhares (CEL); e a Coop-União, da Cooperativa Educacional de São Gabriel da Palha (Coopesg).
As três coops, que agora completam cinco anos de história, são as pioneiras do programa que tem ganhado cada vez mais força no Espírito Santo. A iniciativa foi idealizada pelo Instituto Sicoob e está em execução há 10 anos ao redor do Brasil. No estado capixaba, a iniciativa é liderada por meio de uma parceria do Sistema OCB/ES e do Sicoob Espírito Santo, com o apoio do Instituto Sicoob, que fornece a metodologia para implementação das coops mirins.
Com a expansão do programa Cooperativa Mirim, cinco novas coops mirins foram constituídas somente neste ano. Com isso, o programa já abrange oito municípios do estado e reúne mais de 300 cooperados mirins. As expectativas de crescimento continuam, já que há previsão de que mais duas escolas façam adesão ao programa. São elas a Coopeducar, de Venda Nova de Imigrante, e o CEEFMTI Presidente Castelo Branco, de Cariacica.
O diretor-executivo do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, ressalta o diferencial do programa Cooperativa Mirim e a sua importância para a formação das crianças e adolescentes que dele participam, bem como sua relevância para o fortalecimento do modelo de negócio cooperativista.
“Temos apenas ganhos com as cooperativas mirins. São organizações que proporcionam crescimento pessoal e profissional para os jovens cooperados. Com esse programa, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver habilidades como o trabalho em equipe, a liderança e a espírito empreendedor. O cooperativismo também só tem a ganhar, pois os jovens são o futuro desse movimento”, pontuou a liderança.
CONSOLIDAÇÃO DAS COOPS PIONEIRAS
Com cinco anos de atuação, as cooperativas mirins pioneiras do Espírito Santo já impactaram a vida de muitas crianças e jovens. Uma delas é Lavínia Simon Jacob, estudante do terceiro ano do ensino médio. Ela participou da comissão fundadora da Cooperjetibá e presenciou de perto os primeiros passos e o crescimento da coop mirim.
Além de ser uma das sócias-fundadoras da coop mirim, ainda em 2018, quando cursava o sétimo ano do ensino fundamental, a aluna ocupou o cargo de presidente da coop mirim por dois anos. Lavínia deixou o cargo em 2020, após concluir o ensino fundamental na Cooperação. A estudante ressaltou que a gama de conhecimentos adquiridos durante a participação no programa moldaram a sua vida.
“Os cursos sobre finanças, cooperativismo e gestão de pessoas me tornaram quem eu sou hoje. Após sair da cooperativa, assumi papéis importantes na vida acadêmica. Fui líder de turma, diretora de teatro escolar e monitora. Os aprendizados que vieram com a participação no programa me permitiram construir um novo olhar sobre o mundo. Hoje, a filosofia cooperativista perpassa a minha vida em todas as áreas”, declarou a estudante.
Elisângela Lemke, professora orientadora da Cooperjetibá, lembra que a coop mirim também evoluiu com o tempo. Os cooperados mirins já conseguiram adquirir uma batedeira industrial e outros materiais que ajudam na produção de biscoitos artesanais, alimento que constitui o objeto de aprendizagem dos alunos. Lemke também percebeu uma evolução nos estudantes.
“Os alunos que participam do programa são mais conscientes sobre o cooperativismo, apresentam maior preocupação com o outro e têm melhor oratória e poder de argumentação”, frisou.
Para Lorethana Scalfoni, professora orientadora da Coop-União, a consolidação da coop mirim em São Gabriel da Palha é uma das principais conquistas alcançadas pelos jovens cooperados ao longo de cinco anos. A educadora nota a reputação positiva que a cooperativa mirim construiu junto às demais cooperativas da cidade, o que possibilita a participação ativa dos alunos em diversas atividades, principalmente em ações sociais.
“Hoje, devido às ações que realizamos para nossa comunidade, como campanhas de doações de agasalhos, doces, brinquedos, livros e materiais, as pessoas têm nos procurado pedindo esse tipo de ajuda. Estamos tendo reconhecimento na nossa cidade”, afirmou Scalfoni.
A Coopemcel, que hoje possui 86 associados mirins, já avançou em diversos quesitos desde a sua constituição. A coop mirim desenvolveu uma série de projetos e se destaca, principalmente, por suas ações voluntárias para comunidades de Linhares. Andréa Scopel, professora orientadora da Coopemcel, avalia a evolução dos cooperados mirins. “Os alunos que participaram e fazem parte da coop mirim percebem e conhecem melhor as diferenças no mundo. Além disso, são mais entrosados, comunicativos e participativos”, relatou a educadora.
Somente neste ano, a coop mirim já promoveu uma gincana com doações de alimentos, participou do Dia C, realizou palestras e desenvolveu um projeto de mensagens motivacionais. Os alunos associados também já realizaram uma série de apresentações para divulgar o programa Cooperativa Mirim para estudantes de outras escolas.
A Cooperjetibá foi a primeira cooperativa mirim constituída, em 2 de outubro de 2018. Foto: arquivo/Sistema OCB/ES
CRESCIMENTO EXPONENCIAL
O ano de 2023 é um marco na história do programa Cooperativa Mirim em território capixaba. Neste ano foram constituídas cinco novas cooperativas mirins. Agora, além de abranger os alunos das cooperativas educacionais, o programa também contempla estudantes da rede pública de ensino, contribuindo para levar o coop cada vez mais longe.
A ideia de expansão do programa teve início antes da pandemia, mas foi no ano passado que o processo começou a tomar forma. No final de 2022, o Sistema OCB/ES realizou, em sua sede, uma capacitação de profissionais para atuarem na iniciativa. O evento contou com a presença de 31 profissionais de cooperativas capixabas e de escolas públicas do Espírito Santo.
A primeira cooperativa mirim formada por estudantes de escola pública a ser constituída no Espírito Santo foi a Coop-Sul. Fazem parte dela alunos do Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio Francisco Coelho Ávila Júnior, situado no município de Cachoeiro de Itapemirim. A assembleia de constituição ocorreu no dia 27 de abril deste ano, um marco histórico para o processo de expansão do programa Cooperativa Mirim.
Nos meses seguintes foram constituídas mais três cooperativas mirins de escolas públicas. A Ecocoop, do município de Ecoporanga; a Cooper Gav de Vila Velha; e a Coop Nair, de Fundão. A mais recente coop mirim constituída é a Altercoop, formada por estudantes da Cooperativa Educacional de São Mateus (Coopesma).
O professor orientador da Cooper Gav, Jader Medrado, já consegue perceber o desempenho dos alunos cooperados ao longo dos últimos dois meses. “Esses primeiros momentos estão sendo de grande aprendizagem para os cooperados, que já estão construindo muitos planos. Apesar de estarem um pouco ansiosos, estão confiantes”, ressaltou o docente.
Segundo Medrado, os cooperados mirins já organizaram ações como a distribuição de cestas básicas para a comunidade, campanhas de conscientização para a valorização da vida no mês Setembro Amarelo e a apresentação da cooperativa mirim para a escola, com o intuito de prospectar novos membros.
O objeto de aprendizagem da Coopergav é o casadinho. Foto: Divulgação/Cooper Gav
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